Tuesday, June 2, 2009
Thursday, April 30, 2009
Wednesday, April 29, 2009
Tuesday, April 28, 2009
O larápio!
Chamemos-lhe o vigarista, o lárapio, roubou-me tudo de mansinho como qualquer ladrãozeco de algibeira. O nome verdadeiro é Jorge mas agora já pouco importa, chamemos-lhe o chupista, o usurário, o mentiroso, chamemos-lhe o quisermos que nada o vai engrandecer.
Começou pela dignidade, usurpou-me a vida que era minha, chupou-me a alma até estalarem os ossos, depois veio sempre de pantufinhas, usou o meu corpo como quis, fez de mim gato sapato, roubou-me a casa e tudo o que ela continha, a confiança, a alegria.
Agora quer roubar-me as palavras.
Para ti e só para ti doce Jorge "get a fucking life".
Começou pela dignidade, usurpou-me a vida que era minha, chupou-me a alma até estalarem os ossos, depois veio sempre de pantufinhas, usou o meu corpo como quis, fez de mim gato sapato, roubou-me a casa e tudo o que ela continha, a confiança, a alegria.
Agora quer roubar-me as palavras.
Para ti e só para ti doce Jorge "get a fucking life".
Monday, April 27, 2009
O boi da paciência por Ramos Rosa
O boi da paciência
Noite dos limites e das esquinas nos ombros
noite por de mais aguentada com filosofia a mais
que faz o boi da paciência aqui? que fazemos nós aqui?
este espectáculo que não vem anunciado
todos os dias cumprido com as leis do diabo
todos os dias metido pelos olhos adentro
numa evidência que nos cega até quando?
Era tempo de começar a fazer qualquer coisa
os meus nervos estão presos na encruzilhada
e o meu corpo não é mais que uma cela ambulante
e a minha vida não é mais que um teorema
por demais sabido!
Na pobreza do meu caderno
como inscrever este céu que suspeito
como amortecer um pouco a vertigem desta órbita
e todo o entusiasmo destas mãos de universo
cuja carícia é um deslizar de estrelas?
Há uma casa que me espera
para uma festa de irmãos
há toda esta noite a negar que me esperam
e estes rostos de insónia
e o martelar opaco num muro de papel
e o arranhar persistente duma pena implacável
e a surpresa subornada pela rotina
e o muro destrutível destruindo as nossas vidas
e o marcar passo à frente deste muro
e a força que fazemos no silêncio para derrubar o muro
até quando? até quando?
Teoricamente livre para navegar entre estrelas
minha vida tem limites assassinos
Supliquei aos meus companheiros.Mas fuzilem-me!
Inventei um deus só para que me matasse
Muralhei-me de amor e o amor desabrigou-me
Escrevi cartas a minha mãe desesperadas
colori mitos e distribuí-me em segredo
e ao fim ao cabo recomeçar
Mas estou cansado de recomeçar!
Quereria gritar:
Dêem árvores para um novo recomeço!
Aproximem-me a natureza até que a cheire!
Desertem-me este quarto onde me perco!
Deixem-me livre por um momento em qualquer parte
para uma meditação mais natural e fecunda
que me limpe o sangue!
Recomeçar!
Mas originalmente com uma nova respiração
que me limpe o sangue deste polvo de detritos
que eu sinta os pulmões com duas velas pandas
e que eu diga em nome dos mortos e dos vivos
em nome do sofrimento e da felicidade
em nome dos animais e dos utensílios criadores
em nome de todas as vidas sacrificadas
em nome dos sonhos em nome das colheitas
em nome das raízes
em nome dos países
em nome das crianças
em nome da paz
que a vida vale a pena
que ela é a nossa medida
que a vida é uma vitória que se constrói todos os dias
que o reino da bondade dos olhos dos poetas
vai começar na terra sobre o horror e a miséria
que o nosso coração se deve engrandecer
por ser tamanho de todas as esperanças
e tão claro como os olhos das crianças
e tão pequenino que uma delas possa brincar com ele
Mas o homenzinho diário recomeça no seu giro de desencontros
A fadiga substituiu-lhe o coração
As cores da inércia giram-lhe nos olhos
Um quarto de aluguer
Como preservar este amor
ostentando-o na sombra
Somos colegas forçados
Os mais simples são os melhores
nos seus limites conservam a humanidade
Mas este sedento lúcido e implacável
familiar do absurdo que o envolve
como uma vida de relógio a funcionar
e um mapa da terra com rios verdadeiros
correndo-lhe na cabeça
como poderá suportar viver na contenção total
na recusa permanente a este absurdo vivo?
Ó boi da paciência que fazes tu aqui?
Quis tornar-te amável ser teu familiar
fabriquei projectos com teus cornos
lambi o teu focinho acariciei-te em vão
A tua marcha lenta enerva-me e satura-me
As constelações são mais rápidas nos céus
a terra gira com um ritmo mais verde que o teu passo
Lá fora os homens caminham realmente
Há tanta coisa que eu ignoro
e é tão irremediável este tempo perdido!
Ó boi da paciência sê meu amigo!
Noite dos limites e das esquinas nos ombros
noite por de mais aguentada com filosofia a mais
que faz o boi da paciência aqui? que fazemos nós aqui?
este espectáculo que não vem anunciado
todos os dias cumprido com as leis do diabo
todos os dias metido pelos olhos adentro
numa evidência que nos cega até quando?
Era tempo de começar a fazer qualquer coisa
os meus nervos estão presos na encruzilhada
e o meu corpo não é mais que uma cela ambulante
e a minha vida não é mais que um teorema
por demais sabido!
Na pobreza do meu caderno
como inscrever este céu que suspeito
como amortecer um pouco a vertigem desta órbita
e todo o entusiasmo destas mãos de universo
cuja carícia é um deslizar de estrelas?
Há uma casa que me espera
para uma festa de irmãos
há toda esta noite a negar que me esperam
e estes rostos de insónia
e o martelar opaco num muro de papel
e o arranhar persistente duma pena implacável
e a surpresa subornada pela rotina
e o muro destrutível destruindo as nossas vidas
e o marcar passo à frente deste muro
e a força que fazemos no silêncio para derrubar o muro
até quando? até quando?
Teoricamente livre para navegar entre estrelas
minha vida tem limites assassinos
Supliquei aos meus companheiros.Mas fuzilem-me!
Inventei um deus só para que me matasse
Muralhei-me de amor e o amor desabrigou-me
Escrevi cartas a minha mãe desesperadas
colori mitos e distribuí-me em segredo
e ao fim ao cabo recomeçar
Mas estou cansado de recomeçar!
Quereria gritar:
Dêem árvores para um novo recomeço!
Aproximem-me a natureza até que a cheire!
Desertem-me este quarto onde me perco!
Deixem-me livre por um momento em qualquer parte
para uma meditação mais natural e fecunda
que me limpe o sangue!
Recomeçar!
Mas originalmente com uma nova respiração
que me limpe o sangue deste polvo de detritos
que eu sinta os pulmões com duas velas pandas
e que eu diga em nome dos mortos e dos vivos
em nome do sofrimento e da felicidade
em nome dos animais e dos utensílios criadores
em nome de todas as vidas sacrificadas
em nome dos sonhos em nome das colheitas
em nome das raízes
em nome dos países
em nome das crianças
em nome da paz
que a vida vale a pena
que ela é a nossa medida
que a vida é uma vitória que se constrói todos os dias
que o reino da bondade dos olhos dos poetas
vai começar na terra sobre o horror e a miséria
que o nosso coração se deve engrandecer
por ser tamanho de todas as esperanças
e tão claro como os olhos das crianças
e tão pequenino que uma delas possa brincar com ele
Mas o homenzinho diário recomeça no seu giro de desencontros
A fadiga substituiu-lhe o coração
As cores da inércia giram-lhe nos olhos
Um quarto de aluguer
Como preservar este amor
ostentando-o na sombra
Somos colegas forçados
Os mais simples são os melhores
nos seus limites conservam a humanidade
Mas este sedento lúcido e implacável
familiar do absurdo que o envolve
como uma vida de relógio a funcionar
e um mapa da terra com rios verdadeiros
correndo-lhe na cabeça
como poderá suportar viver na contenção total
na recusa permanente a este absurdo vivo?
Ó boi da paciência que fazes tu aqui?
Quis tornar-te amável ser teu familiar
fabriquei projectos com teus cornos
lambi o teu focinho acariciei-te em vão
A tua marcha lenta enerva-me e satura-me
As constelações são mais rápidas nos céus
a terra gira com um ritmo mais verde que o teu passo
Lá fora os homens caminham realmente
Há tanta coisa que eu ignoro
e é tão irremediável este tempo perdido!
Ó boi da paciência sê meu amigo!
Friday, April 17, 2009
O piano volta a tocar
Estalam os dedos, lingua enferrujada, as palavras coladas na garganta, visgo obtuso e molhado, falemos de amor, falemos de desamor, o medo, o beijo que anseio e não recebo, fechar os olhos e sentir o perfume das alfazemas, dos liláses discretos, cor de morto, acabados de colher.
A palavra tu, o sentido esquizofrénico de saber que não sinto o teu toque, amar a tua fealdade de uma forma bonita, a tua perna, a perna que me segura da queda, tu que me amparas, a palavra tu: - Oh Cachopinha! - como se fosse uma criança, sentindo-me assim cachopinha com os dedos enrolados na folha do sobreiro, trepando árvores.
Calo-me agora porque a foda é devagar e às escuras, amanhã há mais.
A palavra tu, o sentido esquizofrénico de saber que não sinto o teu toque, amar a tua fealdade de uma forma bonita, a tua perna, a perna que me segura da queda, tu que me amparas, a palavra tu: - Oh Cachopinha! - como se fosse uma criança, sentindo-me assim cachopinha com os dedos enrolados na folha do sobreiro, trepando árvores.
Calo-me agora porque a foda é devagar e às escuras, amanhã há mais.
Friday, April 10, 2009
Wednesday, April 8, 2009
No more!
Tuesday, April 7, 2009
Wednesday, April 1, 2009
Porque ainda estou afónica! ai ai ai ai...
Falemos devagarinho, de mansinho, "à poque et poque de vadalhoque". A voz tarda a surgir.
Beijos repenicados, chuac, chuac.
Beijos repenicados, chuac, chuac.
Sunday, March 29, 2009
Friday, March 27, 2009
Sunday, March 1, 2009
Wednesday, February 25, 2009
Porque a vida continua...
E agora falo dos últimos meses, coração pesaroso. A noite, tudo se compra, tudo se vende, os amigos, redbull vodka, mera espectadora, vinil, barracos em cima da praia, esplanadas com salamandras, faz esse, então jonas como estás, os amores sem amor, as fodas mal dadas, beirão, escorropichar a garrafa, o copo, não me dês a mão senão eu dou-me. Os amigos, então Jonas como vais na tua miséria, estamos felizes por te ver.
O desvairio, o fodo tudo sem alma nem coração, a boina na cabeça, que fulana estranha, sim, esta sou eu, a boémia, a ninguém me come, a ti como-te eu .
Os máfias, os oportunistas e eu a alinhar com a trupe, olhos bem abertos, faz esse, deixa-me foder-te.
Acordar sem olhos, acordar mais bêbeda do que quando me deitei, tirar cafés, zás trás pás, o entulho, a dor, eu que não sou eu, sempre eu. As japoneiras que se desfazem em pétalas prostradas, o infinito do meu mar de regresso, já não sinto as ondas, amo-as novamente como a primeira vez do sofrimento.
Um dia de cada vez, no mínimo...
O desvairio, o fodo tudo sem alma nem coração, a boina na cabeça, que fulana estranha, sim, esta sou eu, a boémia, a ninguém me come, a ti como-te eu .
Os máfias, os oportunistas e eu a alinhar com a trupe, olhos bem abertos, faz esse, deixa-me foder-te.
Acordar sem olhos, acordar mais bêbeda do que quando me deitei, tirar cafés, zás trás pás, o entulho, a dor, eu que não sou eu, sempre eu. As japoneiras que se desfazem em pétalas prostradas, o infinito do meu mar de regresso, já não sinto as ondas, amo-as novamente como a primeira vez do sofrimento.
Um dia de cada vez, no mínimo...
Friday, February 20, 2009
Parto prematuro
5 meses de ausência, ainda sem conseguir falar, apenas partilhar este sabor agridoce, levanto-me devagarinho com esta "ROSA":
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