Friday, December 21, 2007

Natal: antigamente e agora

Agora estou cheia de pressa. Corri as lojas todas, comprei o bacalhau, fiz as compras para os outros que o Cristo das compras ces't moi meme todos os cabrões dos anos.
Ligo ao S:
- Já compraste as putas das prendas?
- Nada faz-me esse favor Joninhas (pois joninhas quando lhes convém)
- Quanto queres gastar?
- X
-Ok tchau
A história repete-se com a mãe, a sogra, o marido, omite-se as putas que não parece nada bem.

Centro comercial, fobia total, sacos a arrastar já pelo chão, avenida marechal gomes da costa trânsito interrompido, dois marados ao soco, carros com portas abertas, samaritanos a tentar separá-los, vá lá é Natal.
Lá me consigo safar.

Hoje é dia de limpezas, porque como há já 4 anos, o CABRÃO do Natal é em minha casa, a sogra entra discretamente passa os dedos pela mobília a ver se tem pó, olha para o centro de natal e diz aí que engraçado é moderno, leia-se mas que merda é esta? Não há nada a piscar?
Será que o vinho chega? Será que a comida chega? É melhor comprar mais. A vitela vai o Jorge buscá-la a Lafões e o cabrito também.
O Serviço está lavado, as pratas polidas, já só me faltam as rabanadas, aletria, formigos, bolos de bolina (abóbora menina), alguns queijos, e sonhos que é a mesma merda que os profiteroles mas fritos e isso faço como ninguém.
Estão a brincar comigo? Hum? quem serviu doces para os Portos de Honra da Câmara de Matosinhos quem foi hum? Não digo...

E agora o Natal antes, muito antes, antes de ser grande em idade não em altura que essa mantêm-se quase inalterável:
Não esqueço nunca, enfeitar a árvore, o cheiro da neve artificial, as luzes, fecharem a porta da sala à chave e dizerem-me espreita pelo buraco da fechadura vê se o Pai Natal já chegou, e como a imagem de um sonho real parecia envolta em estrelas cintilantes a minha primeira bicicleta, a felicidade partilhada com os meus primos e irmãos, eles tiveram uma pista de carros, tudo numa casa pequenina em Matosinhos daquelas térreas, onde a humidade coabitava com o amor tão grande de gente que já não está cá.

A única coisa que me resta do Natal desses tempos distantes e é o que mais me dá prazer, pequeno-almoço dia 25: café com leite, bolo-rei com queijo da serra, uma rabanada, uma fatia de aletria e está o dia passado.

PS: A todos que me visitam um bom Natal, que agora tenho de ir continuar com as limpezas...

Saturday, December 15, 2007

Trainspotting again

Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family.
Choose a fucking big television, Choose washing machines, cars, compact disc players, and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol and dental insurance. Choose fixed- interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends.
Choose leisure wear and matching luggage. Choose a three piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who you are on a Sunday morning.
Choose sitting on that couch watching mind-numbing sprit- crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth.
Choose rotting away at the end of it all, pishing you last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked-up brats you have spawned to replace yourself.
Choose your future. Choose life... But why would I want to do a thing like that?

Thursday, December 13, 2007

De puerto rico um blog cada vez melhor

"Una Pizzeria"
"Tengo la idea de haber pecado. Es solo una idea intima como el aire que respiro. Visite una pizzería que parecía sacada de una novela barata. Una de esas que permanece abierta todo el día. Es un paraje donde pernocta la “gente rota” de una ciudad… Somos el producto de nuestros vicios…y si no tenemos vicios; hay de nosotros…! ¿a caso existimos sin ellos!... La noche se diluyó como el alcohol… menguo como el licor de los bares y al final nada fue cierto. Tengo la inmensa certeza de haber perdido el tiempo en San Juan. Mire el largo mostrador de la pizzería y no halle entre las caras de aquella gente ningún presidente o ser digno de algún título o elogio cierto… Me sentí tranquilo entre sus anónimos desaciertos… La ciudad es una extraña manera de burlarse de los vicios y aquella pizzería es un templo a lo mediocre… La pizza allí es barata y muy buena…Volveré para buscarme siempre que pueda!"

Do meu amigo amilcar tão distante e tão próximo em http://elartededesaparecer.blogspot.com

Saturday, December 8, 2007

Memórias da Infância

Hoje lembrei-me de Setúbal, durante anos a fio passei lá as minhas férias.
Lembro-me da estalagem do Sr. Gama, mesas e cadeiras de ferro forjado torneadas. Tartes de amêndoa caseiras com um sabor inolvídavel, das tortas de azeitão, da gasosa bebida com uma palhinha directamente da garrafa.

Dos caminhos íngremes para o Portinho da Arrábida no meio de uma selva de arbustos mas com trilhos traçados, dos medronheiros que os meus irmãos insistiam em trepar e colher o fruto, das raposas que atravessavam a estrada durante a noite bem à frente do carro.

Da azáfama da Luisa Todi e suas circundantes, do comércio frenético.
A fabulosa mousse de chocolate e da tortilha de comer e chorar por mais do restaurante Quintal, da Restinguinha, do Escondidinho.
Dos búzios aos quais chamavam buzinas, das percebas às quais chamavam percebes, das sapateiras tipo esqueletos penduradas nas montras.

As alforrecas em Tróia, os golfinhos que acompanhavam os barcos e nos saudavam, ainda não eram espécies em extinção. A dança com o meu pai ao som dos Beatles no barco, as flores que ele me colocava na orelha, umas brancas outras rosa todas colhidas das arvores que abundavam nos cais.
Os caracóis, andar de gaivota e ver sapateiras a rabear, o azul da água. As ruínas romanas e os escaravelhos que teimavam subir as paredes.
A paisagem única de uma serra que se debruça sobre um estuário, os barquilhos de laranja.
Que saudades eu tenho de Setúbal, que saudades eu tenho de ser feliz...

Friday, December 7, 2007

Mais uma confissão

Porque me apetece. Nada como os apetites para se dizerem coisas obnóxias.
Hoje não falo em nome da Clara, hoje falo em meu nome de João (nome da gajo ainda que gaja com todos os tomates que as gajas tem).
Não consigo dormir, um charro, dois drunfos, um copo de vinho do Porto, esta é a minha vida. Ainda assim toda a gente pensa que eu ando sóbria e ando.
Faço as contas da mãe, do irmão, as minhas que são parcas, vejo o movimento das acções diáriamente, se fosse um objecto seria uma máquina registadora.
Controlo a minha recente profissão de operadora turística, falo francês, inglês e espanhol na medida dos possíveis, o melhor sempre. Sorriso aberto e cara lavada, por vezes com algumas remelas de quem não consegue dormir.
Levo a Tommy à escola, discuto com a educadora porque tenho a mania que sou exigente, pois sou demais talvez.
Ligo a música no carro e penso em ti, com o teu mar sem ondas, vazio, sem mim. Esqueço-te.
Dirijo mais duas pessoas difíceis de manobrar, mando mais um drunfo, ninguém nota e senão o meu coração explode, faço contas outra vez, pagar, receber, o Natal à porta, doze pessoas para comer.Gosto de negócios sem rede como em tudo na vida, arrisco, salto.
Vou buscá-la à escola invento o jantar, dou-lhe banho, passo a ferro, limpo cagadela aqui, cagadela ali, coisas para as quais não fui fadada.
Mas muito sinceramente sei que vou rebentar em breve e que Deus os ajude aqueles que contam comigo, que pensam que eu sou o pilar da família.
Não sei se o consigo mais, não sei se o quero mais, não passo de uma perfeita anormal cansada e moribunda.