Oito da noite eu já atrasada, o carro serpenteia pelas ruelas de paralelo entre verdes campos de milho, embraiagem, acelarador, um ou outro tractor a abanar a alfaia agrícola como a cauda de um dragão que teima em se atravessar á minha frente e fazer subir a adrenalina, 60, 70, que gozo me dão estes pequenos ralis.
Passei o dia com a Farinha, amiga de longos longos anos talvez 25. Basta um olhar e antecipamos o que a outra vai dizer, entre copos de vinho caseiro de Castelo Branco, dissemos coisas nunca antes ditas, recordamos os tempos da meninice, partilhamos as chatices do presente e falamos dos projectos do futuro.
Por vezes penso que somos almas gémeas, sofremos das mesmas inquietações, ansiedade e um desalento que se transforma em força daquela que nos faz lutar dia após dia ainda que por mais que o façamos parece nunca estarmos satisfeitas.
Falamos dos filhos e dos maridos, passamos para um vinho engarrafado Alentejano, falamos da vida e da luz que andamos incessantemente á procura, rimos como umas perdidas com assuntos mais mundanos.
Nada como a nossa alma gémea para saber o que vai dentro de nós.
2 comments:
E sentir que afinal nunca estiveste sozinha.
beijo Jean-Paul Belmondo
Posso entrar?
Beijo de boa noite:D
(*)
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